Após bater recorde de preço em função da baixa oferta do produto, o feijão tem pesado no bolso do consumidor. Em Santa Maria, ele está na lista dos três itens, que mais contribuíram para aumentar a inflação na cidade no mês passado, junto com o leite e tomate.
O Diário percorreu, nesta segunda-feira, 10 supermercados da cidade. A variação do preço do quilo do feijão preto, que é o mais consumido pelo santa-mariense, chegou a de 157% entre as 24 marcas encontradas nas gôndolas dos estabelecimentos.
Como critério para fazer a pesquisa, foram selecionadas cinco marcas em cada local, sendo selecionadas a mais cara e as quatro mais baratas. No entanto, em alguns estabelecimentos, não havia cinco marcas à venda. Nesses casos, foram escolhidas apenas as opções disponíveis.
Conforme a pesquisa, independentemente de marca, os preços variaram de R$ 3,49, sendo a opção mais barata, a R$ 8,98, a mais cara, dando uma diferença de R$ 5,49. Já entre as marcas, o feijão preto Caldo de Ouro era o que mais estava sendo comercializado nos mercados pesquisados, estando presente em seis dos 10 locais. Nessa opção, a variação nos valores chegou a 32,6%, sendo que a diferença entre o maior e o menor preço encontrado chega a R$ 2,21.
Na marca Prato Bom, a variação entre o preço praticado por dois estabelecimentos era de R$ 3,46. A vendedora Ereni Marques, 46 anos, percorreu alguns supermercados, ontem, atrás do melhor preço do feijão de uma marca específica. Segundo ela, vale a pena pesquisar:
– Chega a dar diferença de mais de um real entre o feijão da mesma marca. Sempre pesquiso, principalmente o que eu sei que está em alta, porque a gente quer o que é melhor, então tem que buscar o menor preço.
De acordo com o diretor local da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Gilberto Cremonese, a alta nos preços é explicada pelo queda na oferta do grão. É reflexo da quebra de safra no país, em razão de problemas climáticos e, também, pela exportação do produto para as regiões sudeste e nordeste do país. E os preços são impactados pela velha lei da oferta e da procura.

– A procura está maior do que a demanda, então o preço tende a subir. O mesmo acontece com o leite. Uma safra frustrada, como a que ocorreu em função de períodos de seca alternados com muita chuva, influencia para a alta nos valores – avalia Cremonese.
Tendência de estabilizar
Ainda de acordo com o diretor da Agas, a tendência é que os preços comecem a estabilizar nos próximos meses, em função de que o governo zerou a alíquota da importação do produto. No dia 23 de junho, zerou o imposto de importação de feijão para países de fora do Mercosul foi zerado por três meses pela Camex (Câmara de Comércio Exterior).
A redução do imposto, que era de 10%, foi uma medida adotada para tentar aumentar a oferta do produto e reduzir os preços, que subiram mais de 40% nos últimos 12 meses.
O Diário pesquisou, nesta segunda-feira, o preço da embalagem de um quilo do feijão preto em 10 supermercados de Santa Maria. Foram pesquisadas, cinco marcas em cada local, sendo a mais cara e as quatro mais baratas. Em alguns estabelecimentos, não havia cinco marcas diferentes do feijão preto:
*Os itens da pesquisa – 38 quilos de feijão – foram adquiridos nos supermercados e destinados a três entidades beneficentes: o Abrigo Espírita Oscar Pithan, CACC (Centro de Apoio à Criança com Câncer) e a Casa Maria. As notas fiscais comprovam os preços praticados.